Reconstruindo Pontes Quebradas

Alguns países para protegerem seus interesses, em especial em relação à entrada de imigrantes, constroem muros em suas fronteiras para impedirem ou dificultarem o acesso dessas pessoas em seu território, mas são criticados, pois a politica da “boa vizinhança” defende que é melhor construir pontes do que muros.

Em nossas vidas, por vários motivos, muros também podem ter sidos levantados, obstruindo relacionamentos em virtude de algum dia, pontes terem sidos quebradas deixando em nossa histórias, amizades e alianças destruídas e algumas delas que eram vitais para termos uma boa qualidade de vida e imprescindíveis para o cumprimento do pleno projeto de Deus em nossas vidas.

Essas pontes quebradas podem ser casamentos desfeitos pela infidelidade; pais que feriram a alma de seus filhos com a brutalidade, seja de violência ou da indiferença; filhos que num momento de loucura ou imaturidade cuspiram no prato que comeram e, rebelando-se, deixaram atrás de si pais desiludidos e feridos; ovelhas que se esqueceram
de compromissos firmados e se desgarraram pelas veredas tortuosas da independência, abandonando o aprisco e o pastoreio que Deus lhes tinha provido para sua segurança ou pessoas que num momento de precipitação e erro, romperam laços que eram abençoados pelo Senhor.

Jacó, filho de Isaque, irmão de Esaú, ainda jovem, dominado por um caráter egocêntrico e desprezando princípios divinos, manipulou sua mãe, enganou seu pai e traiu seu irmão Esaú, roubando o que lhe pertencia e o resultado de suas desastrosas escolhas foi um ódio mortal por parte de Esaú que resultou em cisão na família, com Jacó fugindo para a longínqua Padã-Harã, onde tinha parentes em segundo grau, uma atitude na tentativa ilusória de zerar o passado sem resolver as pendências.

Caso tenhamos dificuldades de vencer inimizades e mágoas, precisamos lutar com Deus pelo quebrantamento de nosso coração. Jacó entendeu esse caminho e voltou curvandose, bem diferente do homem presunçoso e usurpador que um dia havia deixado sua casa.
Essa mudança na vida de Jacó ser torna bem visível quando ele finalmente avista Esaú nos fatos registrados em Gn 33:3.

Mas para quem se aventura a reconstruir pontes que foram quebradas em seu passado, há algo ainda fundamental que é necessário fazer. Às vezes, apenas pedir perdão não é suficiente para uma restauração completa, é preciso devolver, ainda que em parte, aquilo que se usurpou na tentativa de reparar o estrago causado. É por isso que Jacó que um dia só pensou em tirar e espoliar, agora volta e se faz preceder de muitos presentes conforme Gn 32.

Na terra distante onde Jacó permaneceu cerca de 20 anos, ele se casou, teve filhos, prosperou e adquiriu riquezas, porém sua vida permanecia mutilada, muito aquém daquilo que o Senhor havia projetado para sua vida. Antes, era necessário que laços que foram quebrados no passado, fossem reconstruídos.
Voltar atrás quase sempre não é simples, implica em muitos riscos, não só vencer o próprio orgulho, algumas vezes implica em colocar a vida em risco e expor a família aos perigos da rejeição. Foi assim na vida de Jacó, mas o desfecho foi Esaú lhe perdoando e o recebendo com choro e abraços.

Sem uma intervenção sobrenatural, algumas pontes nunca seriam reconstruídas, precisamos de um verdadeiro milagre de Deus. Mas é bom lembrar que milagres são sempre respostas de Deus às nossas atitudes. Jacó nos ensina a refazer alianças, restaurar relacionamentos, mesmo aquelas que parecem esmiuçadas, impossíveis de se
restaurar.

Não sabemos se quando você olha para trás enxerga pontes caídas, relacionamentos que foram rompidos e que o impedem de voltar para casa de Deus. Quem sabe, você falhou ou falharam com você, mas não é isto que está em questão. O que precisamos decidir hoje é se vamos continuar tentando viver mutilado de relacionamentos  abençoados ou se amos ser humildes suficientes para voltarmos e reconstruirmos aquilo que deixamos destruídos no passado.
A benção de Deus só será plena em nossas vidas quando tivermos coragem de encarar nossos irmãos dos quais afastamos e juntos com eles, reconstruirmos as pontes que oram quebradas. Vale a pena meditarmos na rica história de Jacó que começa em Gn 7 e termina em Gn 33.

 Hiloki Pr. Hiloki Maruyama